A grande causa do estresse

Regiane Folter
3 min readFeb 5, 2025
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Num mesmo dia, posso me estressar inúmeras vezes. Às vezes é com o trabalho, às vezes são os relacionamentos, às vezes é com o mundo todo quando vejo a última notícia que viralizou. Às vezes é com as coisas da casa, às vezes com as coisas de fora, às vezes (muitas vezes) é comigo mesma.

Também me estresso ao me perceber estressada e saber que não deveria me sentir assim com tanta frequência. Um loop do mal.

As fontes do estresse podem ser variadas, mas muitas vezes os fatos que me fazem perder a calma são bastante similares. O contexto muda, as causas nem tanto.

Me estresso quando as pessoas não agem como eu gostaria. Quando não empatizam, quando me subestimam. Quando falham, quando dizem uma coisa e fazem outra. Ou quando se negam a atuar de acordo com o papel que eu dediquei a elas em minha cabeça.

Me estresso quando algo que queria que saísse de um jeito sai de outro. Quando a situação ganha vida própria e dá passos com os quais não estou de acordo. Quando, depois de tanto planejamento e esforço, as minhas expectativas não se materializam e, muito pelo contrário, terminam de ponta-cabeça.

Me estresso quando não sei o que fazer, quando me sinto perdida. Quando não encontro as instruções, um manual pra guiar meus passos. Quando não há lista de tarefas à vista ou quando as tarefas não estão claras, nem o caminho, nem o objetivo.

Me estresso quando tenho coisas demais pra fazer, quando desejo que todos se esquecessem da minha existência — mas ninguém esquece. Quando as responsabilidades se empilham e preciso dar conta de tudo, além de mim mesma. Quando digo sim atrás de sim sem medo do amanhã, sem pensar na hora que teria que entregar tudo que prometi.

Em resumo, me estresso com o inesperado. Perder o controle faz a minha pressão subir, o rosto afoguear, o corpo adoecer. Quando não tenho um rumo claro, quando sinto que não posso lidar com a situação porque me falta entendimento, quando não reconheço a forma certa de reagir porque não compreendo as regras do jogo.

Pra algumas pessoas, nada mais relaxante do que se jogar no inesperado e simplesmente deixar a vida levar. Acreditam que alguém está no comando, mas não são elas mesmas.

Pra mim, só de pensar nisso fico com urticária. Outros sintomas do estresse são a famigerada dor de cabeça, a coluna travada, as cutículas comidas, as olheiras de noites mal dormidas, o cansaço profundo, os resfriados que atacam sem dó nem piedade. Mas o pior de tudo ainda é a dor interna, a sensação de medo, de que algo horrível irá acontecer porque não sou mais a dona da batuta.

Confio em mim mesma pra tomar boas decisões, mas somente quando tenho tempo pra me preparar. Se é na base do improviso, não me garanto.

O remédio? Tentar controlar tudo.

Me esforço até o último fio de cabelo em estar no controle daquilo de que me rodeia, inclusive as outras pessoas. Quero prever tudo, quero estar um passo à frente sempre. Analiso, reviso, imagino os distintos cenários, volto a analisar. Não dou descanso para meu pobre cérebro e tudo isso pra que? Pra tentar domar o indomável? A vida continua passando e continua me surpreendendo. Insiste em tentar me ensinar que é impossível estar no controle o tempo todo.

Eu insisto em não acreditar.

Acho que só vou conseguir lidar melhor com meu estresse quando aprender a permitir. Quando começar a deixar que as coisas sigam seu rumo, seja ele como eu esperava ou não. Quando desistir de querer ser tudo, estar em tudo, prever tudo.

Quando abraçar a humildade e aceitar que eu sou parte de um todo e não a dona da porra toda.

Chegarei lá? Veremos nos próximos episódios…

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe alguns aplausos 👏

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Written by Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português e espanhol 🖋️ Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros

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