Abrindo mão de alguns sonhos
E está tudo bem!
Tenho 33 anos, rumo aos 34. Já deixei o rótulo de jovem adulta pra trás e hoje me considero simplesmente adulta. Nem tão jovem, nem tão velha. Ainda assim, reconheço que há coisas que já não irei fazer nessa vida — quem sabe na próxima?
É algo que penso cada dois por três, um hábito que apareceu depois dos 20 e tantos, quando já sentia que havia estabelecido a pessoa que que queria ser. Havia escolhido uma carreira, estava num relacionamento no qual apostava, meus grupos de amigas estavam definidos, minha relação com minha família também. Sabia onde queria viver e tinha planos bem concretos pro futuro, tanto o próximo como o distante.
Nunca pensei que essas coisas seriam para sempre, mas sim sentia que eram sólidas o suficiente pra lutar por elas. E também sabia que, ao eleger essa vida, estava abrindo mão de outra(s). Cada escolha uma renúncia, diria o poeta.
Falando assim parece a escolha de Sofia, mas não. A sensação de desenhar os caminhos que queria percorrer nunca foi algo que me incomodou. Tomei decisões que me trouxeram até aqui e não me arrependo de nenhuma. Talvez me arrependa somente dessa minha tendência ao multitasking, de fazer sempre tantas coisas, coisas demais. Talvez escolher não tenha sido o problema, mas sim escolher demasiado. Hoje tenho tantas responsabilidades — a escritora, a esposa, a comunicadora, a amiga, a trabalhadora, a líder, a filha, a dona de casa… Sou aquela que faz tanto que às vezes se cansa e pensa como seria bom dormir por um ano inteiro…
Quando entro nessas ondas de exaustão, até agradeço aos céus pelas decisões que tomei que me impediram de colocar ainda mais objetivos na to-do list. Hoje tenho uma lista de coisas que parecem tão improváveis que ouso dizer que nunca vou realizá-las. Não vou fazer um mestrado. Não vou pular de bungee-jump. Não vou aprender a andar de moto. Não vou passar um ano viajando pelo mundo. Não vou morar sozinha. Não vou ler todos os livros que gostaria. Não vou aprender mais três idiomas.
Você talvez esteja se perguntando, mas por que ela não poderia fazer todas essas coisas? Nada é impossível, afinal tenho somente 30 e poucos anos. Eu sei disso. Só que ao olhar para essa lista de coisas das quais abri mão, me sinto bem. Sinto que está tudo bem. Que é lógico que já não façam mais sentido com a pessoa que sou agora, nesse instante. Em algum momento foram ideias que me entusiasmavam, mas que deixaram de importar ao lado dos planos que sim decidi buscar.
Porém, nada impede o universo de dar uma chacoalhada, mudar todas as peças de lugar incluindo a minha percepção sobre tudo. Quem sabe, talvez em um ano eu veja minha vida de outra forma e inclusive tenha realizado algumas das coisas que hoje juro que não vão acontecer. É preciso estar preparada para as mudanças, que podem ser tão inevitáveis quanto imensas. Estou aprendendo a lidar com o que posso e deixar fluir quando for impossível manter o controle.
De qualquer forma, hoje estou aqui. Vivendo essa vidinha às vezes colorida, às vezes cinzenta. Lidando com as escolhas que fiz, os presentes que recebi, os problemas que também cultivei. Feliz por ter tido o privilégio de poder escolher tudo que escolhi, acertos e erros. Curiosa por não saber 100% ao certo as decisões que me esperam no amanhã. Mas consciente de que vou fazer o meu melhor pra continuar seguindo em frente.
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