Amo escrever…

Por que às vezes é tão difícil?

Regiane Folter
3 min readJun 14, 2023

Não me lembro quando percebi que gostava de escrever. Nem sei se vivi esse momento, realmente. Tenho a impressão de que o ato de escrever foi uma constante durante toda minha vida. Desde que tenho memória, lembro de estar rodeada de livros e caderninhos. De inventar histórias bobinhas, primeiro desenhadas, depois escritas numa letra questionável, e logo mais elaboradas, ainda numa letra questionável.

Sempre digo que escrever, para mim, é quase tão necessário quanto respirar. Não consigo pensar em outra ação que repita tanto ao longo do tempo, nem nada que me traiga tanta paz e encontro comigo mesma.

Mesmo assim, às vezes, escrever se torna tão difícil… A ideia de me sentar e colocar o que estou pensando no papel parece impossível. Não consigo me concentrar, não tenho força de vontade pra insistir. Passo dias sem pegar num lápis, sem nem chegar perto do computador. O escrever se transforma no oposto de respirar: pesado, complexo, antinatural.

Não entendo bem porque isso acontece. Às vezes acho que é consequência do bom e velho burnout, do cansaço generalizado que brota dessa minha mania de fazer, fazer, fazer. Então, quando chego no meu limite, preciso me desconectar de tudo e somente me enfocar naquilo que me traz um prazer rápido e efêmero.

Quando esse período de férias acaba, geralmente termino aqui, sentada na frente do computador, vomitando nas teclas tudo que passei, explicando porque me ausentei. Quase que pedindo desculpas à escrita por tê-la abandonado.

Mas, às vezes, não posso usar o burnout de desculpa porque pelo menos aparentemente não me sinto cansada. Somente não quero escrever. Estou bem, produtiva, motivada. Mas escrever? Nananinanão.

Essas vezes me dão mais medo, porque sinalizam uma existência desconectada com a escrita. Me dizem, “você poderia viver sem contar histórias. Você pode fazer outras coisas e esquecer desse sonho de criança. Venha viver a vida real!”.

Me seduz um pouco a ideia de deixar a escrita pra lá. Afinal, tenho um trabalho, um salário, possibilidades que vão além dela. Não precisaria acordar mais cedo pra escrever, nem passar horas e mais horas do fim de semana dando conta dos projetos literários. Não teria que me dedicar a esse hobbie/sonho que não me traz retorno financeiro. Não me compararia com outros colegas escritores e escritoras e nem pensaria que avanço tão lentamente que nunca vou chegar a lugar nenhum. Não me questionaria se sou uma pessoa plena por deixar de fazer algo que amo, se chegando aos 30 eu não deveria me dedicar somente ao trabalho e deixar essas bobagens pra lá.

Eu sobreviveria sem escrever. Eu sei que sim.

Mas a que custo?

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros