Amores-próprios

A necessidade de se querer bem

Regiane Folter
3 min readApr 2, 2022
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Penso que é quase impossível explicar o que é amor-próprio sem um exemplo concreto do que isso significa para mim. Até porque não acho que o amor-próprio possa ser definido pelo que diz o dicionário, sendo algo com tantos significados diferentes: o que é próprio da forma como me amo é só meu, enquanto a forma como você se ama é propriamente tua. Por isso somente consigo visualizar essa palavra-conceito no plural. Só assim pra representar todos os amores-próprios que existem por aí.

No meu caso, uma parte do meu amor-próprio é fazer as coisas que eu gosto. Matar aquela horinha lendo um bom livro, criando outra família disfuncional no The Sims, comendo um docinho gostoso quando dá vontade. São pequenos afagos, delicadezas que me permito porque me fazem sorrir.

Mas não é só sobre me auto-presentear coisas ou momentos de disfrute. Amor-próprio também é me sentir bem comigo mesma, em paz com alguma decisão que tomei e com o que tive que renunciar para tomá-la. É gostar do que vejo quando me olho no espelho, sem procurar defeitinhos incriminatórios. É cuidar do meu corpo e da minha alma, abrir espaço no dia atribulado pra somente ser. É aceitar que meus tempos não são iguais aos tempos dos demais e, ao invés de me comparar, eu deveria me tratar com mais empatia e respeito. É ser paciente comigo mesma, não só nos momentos felizes, mas também nas horas de frustração e raiva. É me sentir orgulhosa de quem sou, jamais esquecendo quem fui e a jornada que me trouxe até aqui. É conversar comigo mesma com a mesma irreverência e alegria de falar com uma velha amiga, sem rispidez, sem julgamento. É me perdoar.

Amores-próprios aparecem no formato de verbo, substantivo, adjetivo. Pode ser algo tão concreto como uma casquinha de sorvete (torta de limão e Nutella, por favor) ou tão étereo como a sensação de liberdade. Volátil, cada pessoa tem seu universo particular de amores-próprios, uma variedade que se transforma com o tempo, que muta com as experiências que vivemos, com o que aprendemos sobre nós. Não são estáticos, não são uniformes os amores-próprios. A única coisa que podemos generalizar quando falamos sobre eles é a necessidade que todos temos de nos querer bem: não existe indivíduo pleno sem uma consciência carinhosa de si mesmo. Talvez, por mais diversos que sejam esses amores-próprios, todos terminem respondendo à mesma urgência por afeto e aceitação que somente cada um de nós pode se dar.

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Regiane Folter

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