Cabeça de vento
Sou descuidada com minhas coisas
Sempre fui. Perco, quebro, estrago. Não sei onde coloquei, não sei onde foi parar. Uma infinidade de pequenos tesouros perdem seu brilho em minhas mãos.
Quando percebo que perdi ou quebrei algo, me irrito. Pô Regiane, de novo! Não posso acreditar. De novo. Não consigo mudar, mas também não consigo aceitar esse meu traço nada charmoso.
Ainda é pior quando a coisa que perdi ou quebrei não era minha. Ou se era um presente. A decepção que posso chegar a causar na outra pessoa me mortifica. Nessas horas penso em como meu descuido pode atingir sentimentos além dos meus. Pedir desculpa não parece suficiente. Mas aprendi que é melhor um erro reconhecido do que uma mentira egoísta. Tomar responsabilidade por meus atos em algum momento vai me ajudar a mudar.
Né?
Acho que tem um lado bom nisso de não ser tão ligada assim nas coisas. Não costumo sofrer por aquilo que perdi. Fico puta, claro, mas é com minha atitude e não com o objeto perdido em si, sabe? Talvez essa seja exatamente a raíz do meu descuido serial; talvez essa pouca importância que dou às coisas materiais me faça prestar tão pouca atenção a elas que invariavelmente elas terminam partindo.
Enfim, continuo perdendo e continuo querendo me dar um tapa mental todas as vezes que isso acontece. Um círculo vicioso que nem São Longuinho pode quebrar. E olha que eu tentei, viu. Promessas mil foram feitas. Sem resultado.
Quando era menor minha mãe até tentou tratamento de choque. Ela escondia algo meu que via jogado por aí e perguntava, onde é que tá tal coisa? Eu olhava a casa inteira, revirava o armário, vinha com os olhos cheios de lágrima. Não sei, mãe. Ela então me entegava o objeto sequestrado, junto com um discurso sobre responsabilidade. Pobre mamãe. Não surtiu o efeito que esperava.
Aceito sugestões. Simpatia, hipnose, o que tiverem de bom pra recomendar tá valendo. Não perco nada tentando. Ou talvez perca sim. Tudo bem. Continuarei tentando e provavelmente continuarei perdendo. Mas sem deixar de tentar.
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