Como não falar que viajei?
Eu sei, eu sei, coisa mais chata a pessoa que viaja e na volta só consegue falar sobre isso. Eu fico irritada com essa pessoa, mas não consigo evitar ser essa pessoa. Quando é comigo, encarno a verdadeira vlogger de viagem: faço stories, publico fotos, escrevo causos e não paro de falar sobre o assunto até me cansar.
Eu sei, é um clichê, mas como não se jogar nele? Como não sentir essa necessidade de compartilhar pro mundo o que vivi, as surpresas que tive, o que descobri sobre um novo universo, dentro e fora de mim?
Como não falar sobre a sensação de liberdade que só surge de se perder em ruas desconhecidas? O maravilhamento de estar em lugares icônicos, históricos, dos quais só conhecíamos por filmes ou livros. Os sabores, as texturas, as comidas que experimentamos. As lições de humildade quando fazemos uma cagada e os nativos balançam a cabeça pensando “turistas!”. A gratidão por ter a oportunidade de falar sobre tudo isso, por ter entrado em um avião e saído do outro lado do globo, mesmo com todas as dificuldades associadas, a parte menos glamour que ninguém quer falar sobre, mas que é real. A gratidão por ter trabalhos que nos permitem realizar esses sonhos, familiares e amigos que nos apoiam desde longe e, claro, a nós mesmos, pela nossa loucura e nossa coragem.
Como não falar sobre a pouca vontade de voltar, mesmo quando a saudade de casa começa a apertar? Como não falar das risadas, meu Deus, as risadas… Sentir tanto amor, sentir que só nós dois estamos vivendo aquele momento, um segredo só nosso. Sentir que somos únicos, caminhando sem rumo por uma rua da qual não conhecemos o nome, sabendo que ninguém que sabe quem somos poderia adivinhar onde estávamos naquele instante.
Quando viajamos vivemos coisas que provavelmente não viveremos nunca mais, ou ao menos não daquela forma, naquele lugar. Provamos sabores e vemos paisagens que não existem perto de casa. Fazemos planos que talvez já não repetiremos porque estamos ficando mais velhos, porque as coisas mudam e amanhã pode não ser.
Viajamos e vivemos e queremos reviver o que sabemos que não reviveremos jamais. Por isso todas as fotos, relatos, memórias. Por isso esse texto, pra registrar daquela forma bem chatona: viajei, gente. E vocês não imaginam o fantástico que foi!
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