Contar histórias vs ler histórias

Definitivamente, gosto muito de histórias

Regiane Folter
3 min readJan 31, 2024

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Quem vê pensa…

Gosto de inventar mundos e personagens fantásticos, imaginar suas sagas em busca de amor e felicidade. Também gosto de contar minhas próprias histórias. De me sentar com um caderno nas mãos e deixar fluir o que penso e sinto, aquilo que me faz bem ou mal, e dissertar sobre isso. Contar histórias me acalma, me diverte, me permite me entender melhor.

Não gosto tanto assim de ler minhas histórias em voz alta. Não, isso não é correto. Gosto sim de ler o que escrevo pra mim mesma, quando estou sozinha na sala e recito as frases ou versos que criei. Gosto do som das palavras, gosto de sentir que ganham vida na minha voz. Sempre termino encontrando o que polir ou melhorar naquilo que escrevi a partir da leitura.

Do que não gosto muito é de ler minhas histórias para outras pessoas. Para uma multidão então? Nem se fala. Me gera muita ansiedade. Da última vez que fiz isso, tremia tanto que não conseguia segurar direito o microfone.

Nas poucas vezes que participei de algo assim, no final do processo sempre me senti muito feliz por ter estado lá. Sensação de dever cumprido, de vitória. De saber que não deixei a ansiedade ser mais forte que eu, de que pude controlá-la e lidar com a situação. Além disso, sei que cada vez que falo em voz alta, que me apresento como escritora e conto minhas histórias, mais pessoas vão conhecer o meu trabalho e maiores são as chances de que mais leitores e leitoras se conectem comigo. Mesmo assim, quando um novo convite para ler aparece, hesito.

Não sei do que tenho medo. Talvez seja do julgamento dos demais. De que pensem que não são tão boa escritora assim, ou que a história que estou lendo não é nada interessante. Mas até aí, tudo bem. Nem todo mundo vai gostar do que invento. Porém, talvez alguém goste. Talvez, numa multidão de críticos, eu consiga tocar o coração de uma só pessoa e, somente com isso, todo esforço valeria a pena.

Pode ser que me assuste a perspectiva de falhar, um temor constante na minha vida. Fico pensando em tudo que poderia dar errado quando suba no palco. Poderia ficar congelada e não conseguir falar nada. Poderia me confundir e dizer algo errado. Ou falar algo sem pensar e terminar sendo cancelada. Engraçado ter medo de me equivocar, sendo que sempre há alguma forma de remediar um erro. Tão simples quanto pedir desculpas e começar de novo.

Enquanto fico chafurdando nas potenciais desgraças, finjo não saber que também poderia ser uma ótima experiência. Poderia ser uma forma de me abrir mais ao mundo, de levar minhas palavras a alguém novo. Poderia me divertir com a situação, rir dos meus erros, desfrutar de escutar minhas palavras e saber que mais pessoas estão ouvindo comigo. Poderia ser libertador, um caminho pra contar histórias de uma forma diferente.

Acho que o que deveria fazer realmente, ao invés de ficar aqui imaginando todos os desenlaces dessa história, é dizer que sim. Me jogar nas leituras, me jogar no processo. Cada vez que fizer algo assim, mais confiança vou ganhar. Cada vez que ler minhas histórias para outras pessoas, mais segura vou me sentir na próxima. Até domar a ansiedade, até a tremedeira passar e só o que ficar for a sensação de vitória, de dever cumprido. Junto com a suave alegria que as histórias lidas em voz alta trazem.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe alguns aplausos 👏

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros