Detox de whatsapp
Pensando em apagar meu whats por um tempo
Impaciência. Coração palpitando. Vontade de ignorar, vontade de devorar a última mensagem que chegou. Ansiosa ansiosa ansiosa. Vai que é importante? Vai que precisam de mim? Vai que ficam chateadas comigo? Vai que vai que vai que. Penso em mil cenários, dou mil voltas até dar nó nos neurônios. Tudo isso causado por uma singela mensagem do whatsapp.
Ultimamente algumas conversas lá na app tem gerado em mim esse sentimento doido de repulsa e curiosidade extrema. Vejo a bolinha verde sinalizando uma nova mensagem e parte de mim quer fingir que não viu nada, enquanto a outra parte precisa ler JÁ. Não abrir a mensagem parece tão ruim quanto abrir. Enquanto me questiono, bolinhas verdes se acumulam e eu perco a paz, o sono, as desculpas. Já desliguei as notificações, um alívio. Mas ainda preciso aprender a lidar com esse sentimento quando abro o whats. Ou apagar o aplicativo de uma vez, sei lá.
O whatsapp em si não tem culpa. Seria fácil demais culpar o mensageiro, não é? A causa desse estresse todo está 100% dentro de mim. Cada bolinha verde é algo que preciso atender, uma resposta minha que alguém espera lá do outro lado. Mas quem disse que eu quero responder? Posso ficar caladinha aqui na minha e só falar quando tiver vontade?
É que não estou acostumada a fazer só o que eu quero. Recém agora to aprendendo a priorizar minhas vontades. Me condicionei a responder cada solicitação dentro do prazo e com esmero, obrigada, de nada. Uma busca sem fim por aceitação, aprovação, orgulho.
Enquanto coloco essa crise existencial no papel, o whatsapp reluz com novas mensagens. Dou uma olhada por cima, temerosa. O curioso é que algumas conversas não me deixam ansiosa. Em algumas delas, vejo que tem mensagem nova e até me animo. Sei que posso responder no momento ou três dias depois e vai estar tudo bem. São bate papos, vai e voltas, nos quais não há cobrança. Não me sinto presa como me sinto com outras conversas ou grupos nos quais a necessidade de responder prontamente é regra. Invisível, mas real. Nessas conversas sinto que perco o controle, perco minha liberdade. Se vi a mensagem, tenho que responder. Se não vi, como pude não ver? O coração aperta, a saliva seca. É como se cada uma daquelas mensagens invadisse minha bolha de paz e serenidade.
Que loucura ficar assim por algo tão minúsculo! Mas é assim que me sinto. O mais doido é que em todas essas conversas estou lidando com boas pessoas, que fazem parte do meu âmbito pessoal ou profissional, com quem normalmente gosto de trabalhar ou passar o tempo. Gente que respeito e gosto, e sei que é recíproco. Mas, às vezes, simplesmente não.
Não quero outra mensagem. Não quero conversar. Não quero fazer isso agora. Me sinto meio culpada, como se eu fosse a vilã da história por pensar assim. Mas me forço a refletir e aceitar como me sinto. Pra poder decidir ser honesta comigo mesma. Se me forço a estar, a falar quando não tenho vontade, termino me tornando um personagem, alguém que não é real, que não é de carne e osso. E nenhuma das pessoas por detrás dessas bolinhas verdes merece isso.
Então vamos lá.
Respiro fundo, me forço a relaxar os ombros. Ignoro o coração apertado, abro a mensagem, leio. Pauso. Penso em como responder, com educação, mas firmeza. “Agora não posso”, “agora não quero”, “mais tarde”, “amanhã”. Ou até um “nunca” disfarçado pra soar mais simpático. Envio. Quando vejo que a mensagem chegou lá no destinatário, me sinto mais aliviada. Posso deixar o telefone de lado segura de que me comprometi a não me forçar a nada que não tenha vontade de fazer.
Cada vez que digo não pra alguém, to dizendo um sim pra mim mesma.
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