Escrita obsessiva
Às vezes fico entediada com a minha escrita
Parece que estou sempre falando sobre as mesmas coisas! Isso acontece porque quando encontro um tema sobre o qual quero escrever, mergulho de cabeça nele. Me submerjo completamente. Escrevo tudo que consigo sentir, pensar, imaginar sobre esse tópico. Exploro todas as suas facetas, tiro sua roupa, quero vê-lo nu, quero entender todos os seus detalhes e chegar até seu âmago. Quero conhecer todas as suas características, quero aprender porque me afeta tanto. E minhas ferramentas para realizar tal dissecação são uma caneta, um papel e um cérebro que viaja na velocidade da luz.
Então escrevo. Penso. Faço anotações. Escrevo mais um pouco. Dou um Google. Armo frases. Converso com alguém. Escrevo ainda mais. Invento um poema. Brinco com uma crônica. Relato uma reflexão ou reflexiono em um relato. O que vier primeiro.
Até que um dia, páginas e páginas depois, me surpreendo querendo falar de outra coisa. Não sei se me cansei do tema ou se foi ele que se cansou de mim. Só sei que aquela urgência desapareceu e já me sinto livre pra falar sobre algo mais. Para me obcecar por um novo assunto e seus obscuros significados, até encontrar a luz que me fará ver que não era tão sombrio assim.
Será que todas essas palavras escritas arrancam minhas dúvidas e incertezas de mim? Será que sacio minha curiosidade quando a exponho em um pedaço de papel?
Sei não. Acho que não encontro todas as respostas que preciso quando escrevo. Mas sinto uma tranquilidade tão boa ao colocar pra fora aquilo que me enche, que me atormenta. Talvez não encontre verdades totais (até porque, estas existem?), mas sem dúvida encontro paz no ato de registrar minhas crises existenciais com tinta.
Como se ao vê-las no mundo real, fora da minha mente, perceba que são muito menos assustadoras do que havia imaginado. Do escuro da mente pra luz da vida concreta, consigo ver que meus medos não são os bichos de sete cabeças que eu temia encontrar.
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