Importância é uma questão de perspectiva
É curioso como as coisas que consideramos mais importantes em nossa vida podem variar com o tempo.
Às vezes o mais importante é ser feliz e curtir. Às vezes o mais importante é trabalhar adoidado pra juntar dinheiro. Às vezes o mais importante é lutar pela sua vida. E tudo isso pode acontecer numa mesma semana.
Essas importâncias variam muito e podem ganhar ou perder força de uma hora pra outra. O que era importante ontem, pode ser completamente descartável hoje. Vou dar um exemplo. Outro dia fiz uma prece antes de dormir e pedi com todas as minhas forças que minha gatinha não tivesse se contagiado de um vírus que é bastante fatal para os felinos. Até aquele momento, o mais importante para mim era cuidar para que ela não ficasse doente. Mas, no dia seguinte, descobrimos que sim, efetivamente ela tinha contraído esse vírus. E o contágio, uma vez que já tinha acontecido, mudou tudo. Já não era importante fazer coisas para que ela não se contagiasse. Agora, o mais importante é ajudá-la, acompanhá-la e tornar seu tempo conosco, seja ele curto ou longo, o mais tranquilo e feliz possível.
A tristeza que nos gerou essa notícia foi o que me fez ficar tão reflexiva sobre esse assunto das importâncias. Comecei a pensar em outros aspectos da minha vida e percebi como tenho variado minhas prioridades com os anos, ou com os dias.
Há cinco anos o mais importante para mim era descobrir todas as formas possíveis de viajar e me jogar nesse mundão. Intercâmbio, evento, turismo, tudo valia para colocar o pé no mundo. Hoje, sinto que as viagens seguem sendo experiências incríveis, mas não tanto como a alegria que encontro em construir uma família e crescer como pessoa e profissional. Há dois anos queria muito avançar em minha carreira no marketing, mas hoje priorizo trabalhar minhas oportunidades como escritora. Há dois meses estabelecer uma rotina de boa alimentação e exercícios era meu foco. Hoje, só quero viver um dia após o outro e encontrar sentido na incerteza dessa pandamia.
Engraçado. Quando jogamos no Google, a definição de importante é:
algo de imenso valor e magnitude, aquilo que está no centro das atenções.
Como pode mudarmos tão rapidamente o que deveria preencher nossa existência? Com que rapidez o valor de algo sobe ou desce? Será que a definição de importante está equivocada?
Ou será que tudo isso é perfeitamente normal? Passamos tanto tempo buscando definições e nos colocando em caixinhas e estereótipos que esquecemos que a vida é tão pouco linear e previsível que o único que podemos ter certeza é que é preciso vivê-la. Um dia após o outro, mudando o que é importante se sentimos essa necessidade, re-priorizando e colocando em primeiro lugar o que for preciso para continuar acreditando que vale a pena.
Amanhã espero acordar mais tranquila. Interiorizar o fato de que a gati está aqui comigo e que enquanto estiver eu vou fazer o possível e o impossível para que ela se sinta acolhida e acompanhada. Aceitar o fato de que ela vai morrer um dia, talvez mais ou menos rápido, e isso é tão verdade com a doença ou sem ela. Quem sabe amanhã despertarei com essas certezas e mais serenidade. Ou talvez demore um pouco mais.
O importante (olha ele aqui de novo!) é entender que estar com aqueles que amamos e lidar com as suas e nossas fortalezas e debilidades vai fazer com que mudemos nossas prioridades o tempo todo. E embora algumas coisas sempre variem, no fundo no fundo a importância que temos uns para os outros é a única relevância que nunca perde valor.
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