Jogar para ganhar

Quando eu jogo, jogo pra ganhar

Regiane Folter
3 min readApr 9, 2023

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Photo by Hayley Murray on Unsplash

Gosto de fazer as coisas bem bonitinhas pra alcançar a meta com louvor. E quem não gosta, não é mesmo?

Ninguém começa algo planejando falhar. Ou quase ninguém, vai saber.

O fato é que procuro dar o meu melhor, mirando na vitória. Mas algo que nunca contei pra ninguém é que ganhar me dá tanto medo quanto perder, ou até mais…

Por exemplo, outro dia me meti num concurso de poesia. Os poemas eram compartilhados nas Stories do Instagram da livraria que organizou a competição e os seguidores tinham que escolher seus preferidos. Depois, os poemas finalistas seriam avaliados por um grupo de jurados que definiria o/a grande vencedor/a.

Decidi participar e me joguei! Fiz campanha, pedi voto na caruda, publiquei nas redes, etc. Queria ser uma das finalistas e lutei por isso. Mas, ao mesmo tempo, o medo tava lá. No começo, era pequenino, um friozinho na barriga bem sutil. Só que quando passei de fase no concurso, o danado começou a aumentar de tamanho.

E se eu chegasse na final?

Teria que ler meu poema ao vivo lá na livraria, num evento organizado especialmente pra essa competição. Ler minha poesia. Na frente. De. Todo. Mundo.

E, se além de finalista, eu ainda ganhasse? Será que choraria de emoção? Será que ficaria vermelha de vergonha? Será que duvidaria do resultado?

Posso ganhar? Sou boa o suficiente?

Muitas dúvidas, muito medo.

Escrever e mostrar minha escrita para o mundo dá medo. Me sinto exposta, vulnerável. Me apavora a ideia de que ninguém vai gostar do que faço. Mas é igualmente apavorante pensar que podem sim gostar, que podem querer mais e eu não estar à altura. Que podem criar expectativas que eu não consiga cumprir.

O que é pior: não ter nenhum leitor/a ou decepcionar quem me lê?

Puxa vida, as coisas eram mais fáceis quando eu escrevia só pra mim. Porém, se até hoje eu escrevesse só pra mim, não existiriam os bons sentimentos que compartilhar minha escrita trouxe.

Não teria sentido meu coração se expandir ao ouvir o que minha família e amizades sentiram ao ler as coisas que criei.

Não teria provado a deliciosa surpresa de receber elogios de pessoas desconhecidas.

Não teria me conectado com tanta gente que se identificou com meus textos.

Não teria me emocionado com o bilhetinho de uma leitora inesperada que gostou do meu livro.

Não escutaria os relatos de quem leu minhas histórias para outras pessoas, propagando aquilo que eu quis contar.

Teria perdido tudo isso.

Então não tem sentido pensar no que poderia ter sido; o que foi, foi, e o que é, é.

No final das contas, fui finalista do concurso e li um poema meu para um público pela primeira vez. Foi uma experiência sumamente apavorante, fiquei mega nervosa! Mas ao mesmo tempo foi maravilhoso poder dar vida às minhas palavras, vê-las alçar vôo na minha voz e pousar no coração das pessoas que escutaram.

Isso me fez perceber como é importante continuar me jogando, continuar tentando ganhar, mesmo se a aventura for assustadora. É melhor tentar e ganhar (ou falhar) do que nunca entrar no jogo.

Não ganhei a competição, mas ganhei experiência pra lidar com meus medos. E um prêmio bacanérrimo por ter participado!

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

Outras histórias e meu livro em: regianefolter.com 💛

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros