Nem tão control freak, nem tão good vibes

O que existe entre essas duas versões de mim?

Regiane Folter
3 min readOct 4, 2023
Photo by Aziz Acharki on Unsplash

Sabe, não saber o que vai acontecer não é o que mais me incomoda. Até porque, no fundo, no fundo, ninguém realmente sabe o que vai acontecer. Podemos intuir, adivinhar, chutar, mas certeza, certeza mesmo, não temos. Estaremos vivos amanhã? O que nos reservam os próximos anos, meses, dias? O que os próximos segundos vão trazer? Impossível saber com 100% de convicção. Podemos ter esperança, mas não certeza. Logo, seria besteira ficar ansiosa por causa da inexatidão do futuro, já que a incerteza é simplesmente parte constante da nossa existência.

Não. Acho que o que mais me incomoda é sentir que tenho tão pouco controle sobre o que vai acontecer. Tão pouca gerência. Entendo que é impossível saber com exatidão, tim tim por tim tim, o que será do meu futuro. Mas penso que há certas coisas que me ajudam a visualizá-lo melhor ou, ao menos, a limitar as opções. E sentir que estou no controle da situação me deixa mais tranquila.

Que diferença faz? Não sei. Sou uma pessoa prática e sei que, independente do controle que eu queira exercer, tudo (absolutamente tudo) pode mudar. Por mais que tenha planos e metas bem traçadas, a senhora vida vem e acontece, e uma boa reviravolta pode aparecer pra modificar completamente o cenário. Acidentes, imprevistos, tempestades que simplesmente mutam o que antes parecia imaculado. E não há nada que eu possa fazer para evitar.

Então, se não faz diferença, por que me importar? Eu não deveria ser mais good vibes, mais sussa, mais relax? Viver o presente, sem pensar tanto no amanhã? Gastar mais energia em aproveitar o que tenho aqui e agora, a solidez do que estou fazendo nesse exato momento, e simplesmente apagar da minha mente as dúvidas e os medos relacionados ao futuro?

Adoraria ser assim; acho que seria mais feliz. Me divertiria mais, pensaria menos em fantasias e viveria o mundo real mais intensamente. Me preocuparia com os problemas somente no momento em que se tornassem concretos e não perderia meu tempo imaginando todas as possibilidades. Dormiria melhor, seria mais saudável. Sem falar nas horas a mais que teria! Poderia fazer tantas coisas que hoje não faço porque não sobra tempo ou vontade…

Engraçado. Se sou honesta, acho que ficar sonhando acordada com ser outra pessoa é tão irreal quanto minha sede por controle. Eu sei que não vou me transformar na versão paz e amor de um dia pro outro. Talvez a única forma de aplacar a ansiedade e me aproximar de uma existência mais plena seja deixar de mirar nos extremos e buscar algo no meio. Nem tão control freak, nem tão good vives; o que está entre essas duas versões que tanto ocupam minha mente e meus desejos?

Reflito sobre esse equilíbrio e me imagino mais prática, mais consciente dos meus gatilhos e das ferramentas que possuo para lidar com eles. Me vejo uma pessoa capaz de desfrutar do planejamento de próximos sonhos, mas que também sabe ser flexível quando as coisas não saem como esperado. Alguém que se perdoa, que se abraça, que entende que suas falhas não a definem. Que sabe que seu conjunto inclui luz e sombra, crepúsculo e nascer do sol. Contraste puro.

Nem 8, nem 80. Nem só presente, nem só futuro. Nem só living la vida loca, nem só prisioneira do amanhã. Nem só um clichê, nem só outro.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

Outras histórias e meus livros em: regianefolter.com 💛

--

--

Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português e espanhol 🖋️ Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros