Nomes que resumem tão pouco do que somos

Prazer, Regiane

Regiane Folter
3 min readJun 13, 2021
CreativeMornings Montevideo

Me chamo Regiane. O nome não é o mais comum que existe (vide Maria), mas também não é tão incomum assim. Há mais ou menos umas 97 mil Regianes pelo Brasil, segundo o IBGE. Tantas Regianes, mas nenhuma é igual que a outra. Além das evidentes diferenças físicas, nossas existências Regianísticas são únicas e diversas também por causa das variantes do nosso nome e como aqueles que nos querem bem nos chamam.

No meu caso, por exemplo, também sou Re, mas só as pessoas mais próximas de mim me chamam assim. Muitos me chamam de Regis, uma variação que surgiu lá no tempo da faculdade, ou Regi, principalmente os hispanohablantes na minha vida, começando com uma R bem “rrrrrr” típica do espanhol.

Não tenho muitos apelidos além desses. Uma pessoa adorada me chama de Formiguinha, às vezes; por algumas semanas no trote da faculdade fui Avatar, mas esse não pegou. Quando pequena, fui Titi (e minha tia-madrinha muitas vezes ainda me chama de Tica). Às vezes me chamam de Folter, meu sobrenome, às vezes erram meu nome e viro Regina ou Rejane e me incomoda de um tanto… Nem sei porque. Acho que meu nome é tão meu, que quando alguém erra me sinto apagada, esquecida. Mas será que é pra tanto? Afinal de contas, existem outras 96.999 Regianes por aí.

Minha identidade não é mais do que sete letras juntas?

Até porque muitas vezes, pra falar de mim, as pessoas não usam meu nome. Posso ser a brasileira, a estrangeira, a escritora, a filha, a irmã, a amiga, a profissional, a voluntária, a freelancer, a vegetariana, a que lê demais, a que adora gatos, a que se casou, a que chora à toa, a doida, a triste, a de olhos azuis, a que tem olheiras… Essas e muitas outras são todas características válidas e que mostram como somos muito mais que um nome. Essas e muitas outras características combinadas de uma forma única são a base que formou essa Regiane aqui, assim como é, com seus defeitos e qualidades. Penso em minhas irmãs de nome e imagino que tipo de Regiane elas são, com suas próprias combinações de ideias, vocações, fortalezas e debilidades. Será que são felizes? Será que gostam desse nome nem tão comum nem tão incomum que deram pra nós? Será que seríamos amigas?

Não sei. Só sei que é gostosa a sensação de estar conectada a milhares de pessoas por algo tão importante e tão pequeno como um nome. Só isso nos conecta, uma pequena parcela da nossa identidade. Porque sou muitas coisas, mas também sou só um nome.

Regiane. Prazer.

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros