O caminho para me preocupar menos e aproveitar mais

Desabafo de uma pessoa (quase sempre) otimista

Regiane Folter
3 min readOct 16, 2020

Sempre me considerei uma pessoa positiva, mas ultimamente me vejo tendo reações pessimistas e não me reconheço. Cresci muito nos últimos anos, evoluí um montão e sou feliz sendo quem sou. Mas sei que preciso continuar melhorando porque junto com esse crescimento coisas nem tão legais brotaram em mim. Uma delas foi essa tendência a me preocupar em excesso e por tudo. Como se ser adulta significasse ter o rosto frequentemente carrancudo.

Ao tomar mais responsabilidade sobre minha vida e minhas decisões, aprendi muitas coisas. Aprendi a cuidar de mim e de outros, a decidir e negociar, a economizar, a pedir ajuda, a adaptar-me, entre outras habilidades muito úteis para a vida de gente grande. Mas parece que no processo fui desaprendendo a importância de ver o copo meio cheio, de ser otimista, de ser alegre e aproveitar cada momento como algo único. Porque era assim que eu encarava a vida em 100% dos casos quando era pequena. Via o mundo com os olhos de uma criança que lia muito e acreditava em contos de fada. Não concebia a possibilidade de que o mundo não fosse brilhante, cheio de oportunidades e razões para sorrir!

Entendo que é normal perder parte da inocência com os anos. Até porque, por uma questão de sobrevivência, amadurecer também significa começar a prestar mais atenção no que pode dar errado. Mas eu gostaria de voltar a ter ao menos um pouco da minha perspectiva de menina, porque sinto que o tempo passa ao meu redor e eu, tão enfocada nas coisas que não dão certo, esqueço de enxergar a beleza fugaz da minha vida.

Outro dia, pensando nisso, eu decidi tentar encarar uma situação com olhos positivos. Era um sábado de manhã, muito cedo para um sábado, e eu num ônibus indo a um evento. Embora nos dias anteriores eu havia ficado bastante animada em participar como voluntária nesse evento, na manhã fatídica acordei com uma boa dose de mal humor e o típico pensamento “por que fui me meter nisso?”. É muito doido, porque eu tinha um propósito em ir a esse negócio; não havia sido uma decisão descuidada, eu tinha pensado nisso e decidido ir de bom grado. Mas, na hora H, me amarguei, pensando estressada em tudo que poderia fazer se não estivesse indo a esse compromisso e em tudo que poderia dar errado em meu fim de semana por conta disso. Uma chatonilda, basicamente.

Bom, já cansada de mim mesma, decidi listar em minha cabeça 5 coisas positivas de ter tomado a decisão de ir. Devagarzinho, essas razões foram pipocando na minha cabeça.

  1. Ao participar, eu estaria ajudando várias pessoas.
  2. Eu estaria toda a manhã ao ar livre, e era um belíssimo dia de sol.
  3. Minha atividade no evento era uma das coisas que eu mais gosto de fazer.
  4. Depois do evento aproveitaria para fazer algumas coisas num lugar próximo, então a viagem era bem-vinda também nesse sentido.
  5. Além disso, era uma chance de aprender e melhorar como profissional.

Quando cheguei na quinta razão, ainda estava dentro do ônibus, num caminho que eu já conheço muito bem. Mas, de alguma maneira, tudo havia mudado. Eu sentia o peito leve, não mais pressionado por um mal-humor latente. Sorria levemente enquanto apreciava a vista que, mesmo sendo uma velha conhecida, ainda era divina de se ver. A cabeça não dava mais voltas com ideias distorcidas e estressadas, não mesmo. Agora eu me ocupava em pensar naqueles motivos e me sentia grata por ter a oportunidade de estar ali.

Gratidão. Estamos tão ocupados em nossas rotinas frenéticas que nem pensamos em como deveríamos ser gratos por estar vivos em um mundo cheio de oportunidades. Parece meu eu-menina falando, mas acho que ela (que eu) tinha razão. Porque quando paro para agradecer por todas as minhas bençãos, passo a enxergá-las de outra maneira. Vejo minha vida de forma mais positiva, mais serena. Valorizo o que tenho e o que posso ser. E aproveito muito mais a jornada.

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros