O que será que significa cada anel de Saturno?

Coisas que usamos nos dedos, nos pulsos, nas orelhas e no coração

Regiane Folter
3 min readJan 10, 2020
Photo by Drew Hays on Unsplash

Desde pequena me acostumei a ver minha mãe colocando seus brincos e anéis preferidos sempre que saia de casa — mesmo que fosse somente para ir até a padaria. Como parte da sua personalidade marcante, ela prefere peças chamativas e brilhantes, e coleciona brincos de todas as cores e tamanhos. Em quanto a anéis, mamãe normalmente usa os mesmos quatro: um com sua inicial e outros que formam uma filinha de aros dourados enfeitados com pedrinhas multicoloridas. Em datas especiais, ela agrega algum outro anel reluzente ao conjunto.

Para ela, joias são presentes especiais e deveriam, portanto, marcar momentos importantes na vida de uma pessoa. Partindo dessa premissa e tentando despertar em mim o mesmo interesse por penduricalhos, ao longo dos anos ela me presenteou com várias bijuterias ou pequenas joias. Desde bebê, com meus primeiros brinquinhos quase invisíveis à olho nu, até recentemente, quando em uma viagem ela me comprou um par de brincos artesanais (muito maiores que os de antigamente).

De todos esses presentes, três anéis me marcaram muito. Quando completei os famosos 15 anos, recebi dela um lindo anel de pérola que uso até hoje; aos 18, para marcar meu status oficial de adulta aos olhos da sociedade, ganhei uma peça de ouro branco que terminei perdendo. Esperei anos até ter coragem de confessar essa tragédia a ela! Finalmente, ao terminar a faculdade de jornalismo, ela me deu o último anel, dessa vez um de rubi já que essa é a pedra que representa o curso.

Eu nunca tive o mesmo entusiasmo por joias que minha mãe, embora tenha minhas fases. Em algumas ocasiões não uso nada de nada, e inclusive meu segundo furo na orelha terminou fechando depois de passar muito tempo sem ser utilizado; mas, em outros momentos, surge aquela vontade de me emperiquitar e ponho um colar aqui, brinquinho ali, quem sabe até uma pulseira e alguns anéis.

Somos muito diferentes, mamãe e eu. Diferentemente dela, prefiro peças menores, brincos pequeninos, anéis mais finos, cores mais suaves. Mas em outros aspectos, somos bastante parecidas. Embora nossos gostos sejam distintos, hoje entendo o carinho que ela sente por cada um dos anéis que leva com ela. Hoje sei que quando ela olha para eles, não vê simplesmente enfeites, mas sim a representação de um amor infinito. E foi esse mesmo amor que ela quis me transmitir quando me deu esses presentes em distintos momentos, cada anel simbolizando uma etapa cumprida. Foi sua forma de dizer que me ama e está orgulhosa de mim.

Recentemente, quando meu namorado me fez uma pergunta segurando uma caixinha, terminei com um anel novo no dedo que não tiro para nada. Outro para a coleção! E o mais mágico é que toda vez que olho para minhas mãos, cada anel que estiver usando conta uma história de amor e zelo. Uma joia é só uma joia, podendo ser mais ou menos cara, mais ou menos bonita. Mas se você olhar bem, deixando de lado questões de preço e beleza, é possível enxergar traços daquela pessoa que nos presenteou e o que ela representa para nós.

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Written by Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português e espanhol 🖋️ Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros

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