Paciência
Me encontro num estado de calmaria
Sou como um lago em dia de sol. Não há vento suficientemente forte para remexer minhas águas. Sossegada, suave, serena. Observo o mundo ao meu redor vibrar sem pressa. Me maraviho com seus detalhes. Me sinto aquecida, acolhida por mim mesma. Sinto que sou importante e que me amo, independente dos erros ou bagunças. Independente da minha ansiedade e da minha culpa.
Não há espaço para questionamentos, só constatações. Respiro fundo, encho os pulmões de ar, bem devagarinho. Faço como o professor de ioga ensinou: inspiro pelo nariz, enfocada em encher a barriga de ar de baixo pra cima. Inflo a região do baixo ventre, depois umbigo e vou subindo, me sentindo cada vez mas cheia, plena, fresca. Quando a pança já está repleta de vida, deixo o ar escapar pelo nariz, lentamente. Inspiro em um tempo, expiro em dois.
Depois de me acostumar com essa respiração cuidada, me sinto como se tivesse acabado de acordar depois de uma noite maravilhosamente dormida. Estou pronta para dar calor e receber aos demais. Sinto que cada pessoa da minha vida é importante e os amo, mesmo com as nossas diferenças. Entendo que suas decisões e formas de ser não precisam ser um espelho das minhas. A pressão por exigir ou culpar desaparece e meus ombros parecem mais leves. Estou sentada no chão, mas só por enquanto. A qualquer momento sinto que vou começar a levitar.
Nesse estado de paz, sou o oposto do que normalmente sou. Nada de pressa, nada de listas, nada de pensar e pensar e pensar em tudo que quero fazer no dia. Nada de metas a alcançar ou agendas ou relógios. Somente sou, respiro, me concentro, me conecto. Uma coisa por vez, um pensamento por vez, um sentimento por vez. Quero ter tempo e espaço para pensar e sentir e ser cada coisa que tiver vontade, sem me preocupar com o que vem depois. A única coisa que existe é o agora e essa paciência suave que propaga meus limites e me torna infinita.
Como alcançar tamanha paz, você me pergunta? Não sei bem, pra ser sincera. Às vezes estou tão consumida pela rotina que me sinto totalmente distante desse estado de serenidade tão puro. Como se nunca tivesse experimentado algo assim, como se essa tranquilidade pertencesse a um sonho. Inalcançável, inatingível. Felizmente, em outros dias algo acontece e ativa a mudança dentro de mim. Às vezes a fagulha que acende essa chama de tranquilidade e plenitude é o abraço de uma pessoa querida. Às vezes é algo que li, alguma mensagem que me alcançou. Às vezes, do nada, simplesmente olho pela janela e a paisagem do céu sem fronteiras me apazigua. Nessas horas, sinto como a calmaria me preenche de mansinho.
Enfim, não sei ainda ao certo como chegar a esse estado de completa paciência. Só sei que quando acontece, quando sinto o corpo ficando mais leve e os problemas parecendo mais corriqueiros e fáceis de resolver, quero aproveitar cada segundo de paz porque sei que não vai durar para sempre. Me entrego à calmaria, me permito desfrutar dessa sensação de amplas possibilidades. De aceitação em relação a mim e aos outros. De uma serena certeza de que tudo vai dar certo, de que há tempo para tudo e de que sou feliz por somente ser.
Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏
Mais histórias em: regianefolter.com 💛