Quem diria que palavras poderiam gerar cãibras?
Dia 2 do experimento escrevendo à mão
Oi 👋 Comece lendo o texto do dia 1.
Seguimos com o experimento! Hoje estou melhor equipada, sentada como uma pessoa normal em uma mesa de escritório e até tentando manter a postura reta, o que é toda uma conquista para mim. Curiosamente, aqui nessa sala tão profissional encontro mais distrações do que ontem na praça. Meu gato quer conversar, meu companheiro também, o celular não para de apitar com alguma notificação nova… Parece que o negócio de sentar e escrever não transmite muita seriedade. Vocês também são muito interrompides (ou talvez se auto-interrompam) quando estão escrevendo à mão?
Me lembrei agora daquele livro da Virginia Woolf, “Um quarto todo seu”, no qual ela fala sobre o que necessita, como mulher, para poder se dedicar ao ato de escrever. Do que eu necessito, você poderia me perguntar… Não sei ao certo, tenho sentimentos encontrados. Porque o ato de escrever é, em si, bastante simples. Se trata de colocar palavras pra fora, seja em um computador, seja em um pedaço de papel, e nada mais. Porém, ao mesmo tempo, escrever pode ser uma ação tão complexa. Já diria Virginia: você precisa do ambiente propício, um lugar adequado, tempo, ferramentas, recursos. Você precisa ter do que falar ou ao menos querer falar sobre algo. Ou será que tudo isso é subterfúgio? Papo furado, desculpa esfarrapada para alimentar a procrastinação?
Senta lá e escreve, mana. Bom, tô aqui tentando.
Já reparei que quando não sei bem sobre o que escrever, vou mais devagar, cuidando da caligrafia e do traço de cada letra. Saudades do meu tempo de cursos de lettering! Sempre me fascinaram as coisas perfeitas como as letras tão decoradas do lettering. Sempre me fascinou o que nunca pude ser ou fazer. Até que tentei, mas o lettering requer uma atenção ao detalhe e uma delicadeza que desconheço.
De repente entro em um tema e as ideias vão se propagando. Penso mais rápido do que a capacidade que minha mão tem para escrever e logo a caligrafia vai pro buraco. As letras saem todas tortas, algumas ficam até ilegíveis. Outras se borram por causa do contato da pele com a tinta no caderno. Até a mão começa a doer. Outro descobrimento: escrever à mão rápido faz minha mão direita ficar dolorida. Começa na palma, sobre pro pulso, vai se expandindo pelo braço até chegar no cotovelo. Logo, ombros, pescoço, até o destino final, a cabeça. Olha a distância que percorre o reflexo desse ato aparentemente tão simples! Me tensiono enquanto escrevo à mão, mas relaxo com cada vírgula ou ponto final. Nesses momentos, respiro fundo e mexo os dedos duros. Um pouco de alívio antes de seguir escrevendo.
Quem diria que palavras poderiam gerar cãibras? Dor de cabeça ou dor no coação eu até já sabia. Mas hoje me surpreendi com esse novo impacto que o escrever causa no meu corpo. Cada vez mais descubro o poder desse danado.
Continue lendo: dia 3 do experimento.
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