Queria ser um pouco como Michael Scott
Ano passado uma das minhas séries do coração foi The Office
Viciei! É bem o tipo de humor que amo, sarcástico e que dá vergonha alheia! Os personagens são todos ótimos, mas Michael Scott é simplesmente excepcional.
Michael é o chefe da firma. Mesmo depois de ter terminado a série, ainda não consigo acreditar como alguém pode ser tão egocêntrico e fora da realidade como esse cara. Ele realmente acha que é a última bolacha do pacote! Ri muito de todas as situações loucas nas que ele se coloca por causa dessa mania irrefreável de ser o bonzão, mas também pensava “como é possível!!”. Para Michael, tudo era possível. Conforme fui avançando nas temporadas, percebi que no fundo ele não se acha tão foda como parece e muito da sua forma de ser e agir revela uma grande insegurança.
De qualquer forma, adorei cada uma das peripécias do Michael tentando ser o grande chefão (e falhando miseravelmente). Em algumas ocasiões, cheguei até a sentir um pouquinho de inveja desse personagem. Foi só um tiquinho, não se preocupem! Mas a verdade é que alguns episódios me fizeram pensar como seria legal ter um pouco dessa visão doida dele. Porque eu gostaria de me querer um pouquinho mais, de ter uma visão mais lisonjeira de mim mesma.
Não me entendam mal, não é uma vontade insana de deixar todo mundo pra lá e me concentrar só em mim com um auto-love desmedido ha! Não, nada extremo. Só queria ser mais compreensiva comigo mesma. Um amor próprio um pouquinho mais elevado.
É estranho, porque não é que eu me odeie. Nada disso. Gosto de muitas coisas minhas. Me cuido, me dedico a mim mesma, trabalho nas coisas que quero melhorar e me sinto orgulhosa das minhas conquistas. Mas às vezes exagero na auto-cobrança, num perfeccionismo extremo, numa mania de querer me levar até o limite e, quando escorrego, me irrito profundamente. Não sei lidar bem com meus erros. Só quero resultados satisfatórios, perfeitos. E ai de mim se não chego lá; minha mente é rainha de me levar pra baixo com pensamentos auto-destrutivos.
“Por que sou tão fraca? Porque sou tão inútil? Porque não posso ser mais assim, ou mais assado? Será que sou incapaz? É o que parece. Talvez eu nunca consiga mesmo, melhor nem tentar. Melhor desistir e me enfocar em alguma coisa mais fácil. Mais acorde com minhas capacidades.”
Nessas horas, tenho duas opções. Posso continuar me afogando na piscina de auto-comiseração, deitar embaixo das cobertas em posição fetal e chorar. Ou posso balançar a cabeça, exorcizar os pensamentos malignos e encontrar força para seguir em frente. Bom, até tenho uma terceira opção que é desligar o cérebro, assistir outro capítulo de The Office e simplesmente não pensar em nada. E, embora seja uma opção válida às vezes, ultimamente estou tentando praticar mais a segunda.
Se algo não dá certo, não sai como eu queria, respiro fundo e repito pra mim mesma “você está fazendo o melhor que pode”. Me abraço mentalmente, e enumero as razões pelas quais sei que estou fazendo as coisas bem, mesmo que sejam imperfeitas. Me obrigo a reconhecer que alguns dias são mais difíceis que outros.
Em alguns dias, tudo é cor de rosa. Em outros, a ansiedade, o mal humor, a cólica, o resfriado, ou outros milhões de fatores vão afetar quem eu sou naquele momento, e está tudo bem. É impossível viver a vida como se fosse um comercial de margarina. O importante é seguir em frente dando nosso melhor mesmo nos dias mais complicados. E se ficar muito complicado e nesse dia não puder dar nem um passo mais, está tudo bem em descansar também. Tomar uma hora ou muitas pra rever as ideias, re-organizar a estratégia e recomeçar quantas vezes forem necessárias.
Uma série como The Office é boa por muitas razões, mas talvez a mais importante delas seja sua função de nos lembrar de que é preciso não levar as coisas tão à sério às vezes. Principalmente nós mesmos.
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