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Ser adulta

Como cheguei até aqui?

3 min readOct 5, 2025

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Quando somos criança pensamos que pra ser adulto basta completar os famosos 18 anos. Só quando chegamos lá percebemos que não é bem assim.

É verdade que existem pessoas maduras aos 18. Muitas vezes, as coisas que acontecem nas nossas vidas nos fazem crescer rápido demais e tem muito adolescente por aí com responsabilidades e preocupações típicas de alguém mais velho. Mas não é o fato de completar 18 anos que nos transforma em adultos, mas sim as experiências que vivemos.

Eu era bastante infantil aos 18 e continuei assim por outros bons aninhos. Diria que até uns 25 ainda conservava boa parte da ingenuidade da menina que fui, criada com tantos cuidados e proteções. Não tive que crescer rápido demais (obrigada, mãe!), então tomei o meu tempo.

Mas também, quando chegou a hora, não teve jeito: aprendi o que era ser adulta enquanto me tornava uma, aos trancos e barrancos.

Primeiro acho que a gente vai entendendo o que é ser adulto com os famosos boletos que se multiplicam, símbolos de responsabilidades que vão se acumulando. Antes alguém cuidava de tudo isso pra você. Antes alguém mantinha uma casa com água, luz e todos os outros confortos sem que você tivesse que pensar nisso. Hoje, se não for você, quem será?

As cobranças no trabalho, na faculdade, no projeto de vida que for também nos introduzem à vida adulta sem anestesia. Metas, deadlines, equipe, chefe, salário — tudo isso vai moldando nossa forma de agir, vai guiando nossas decisões de acordo com as consequências daquilo que buscamos. Antes alguém dava a cara por você, agora a única pessoa que pode responder pelos seus atos é você mesma, querida.

Com os anos, começamos a viver coisas transformadoras, pro bem e pro mal. Os amores que cultivamos, as decisões que tomamos, os traumas em que nos metemos (sem querer ou querendo). Outro dia percebi que havia vivido coisas que minha mãe não experimentou e me senti sábia, mas também um pouco triste. Minha mãe sempre foi a minha maior referência, a pessoa pra quem eu sempre levaria todas as minhas dúvidas. “Mamãe já passou por isso, ela vai saber o que fazer”. Mas hoje sei que sobre algumas coisas eu sei mais que ela.

Talvez o momento em que finalmente nos reconhecemos adultos seja aí, quando percebemos que estamos prontas para aconselhar outras pessoas.

Sou adulta, me sinto assim. Não foi uma mudança que aconteceu da noite pro dia, foi um processo que envolveu muita reflexão, dar com a cara na parede, muitas lágrimas e recomeços. Mas aqui cheguei. A única coisa que espero é não me perder totalmente na adultez e me esquecer da energia leve da menina que fui. Espero não traumatizar tanto a minha criança interior que um dia ela simplesmente desapareça.

Porque por mais que a gente queira crescer quando somos novinhos, algo que a vida adulta nos ensina é a nostalgia por voltar a ser criança.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe alguns aplausos 👏

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Regiane Folter
Regiane Folter

Written by Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português y español 🖋️ Compre meus livros em https://www.regianefolter.com/livros

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