Sou o que faço todos os dias
Eu sou o que faço, o que escolho fazer, do momento que decido acordar até a hora que me entrego ao sono
Minha rotina me define. Levantar cedo para aproveitar o dia me define como boa morning person, mais criativa e produtiva pela manhã. Comer frutinhas no café da manhã me define como alguém que sabe que precisa se alimentar melhor, ainda que custe. Escutar música enquanto trabalho me define como alguém que busca inspiração e motivação na arte dos demais. Preparar o mate no meio da manhã pra dar aquela energizada me define como parcialmente uruguaia, que aprendeu vivendo aqui no sul do continente como a erva-mate pode ser o combustível ideal para boas conversas e projetos. E por aí vai.
Passam as manhãs, chegam as tardes e logo as noites e muitas coisas se repetem na minha rotina. Conservo meus rituais e tenho horas definidas para cada coisa, de segunda a segunda. E gosto dessa organização, dessa sensação de progresso, de estar dando passos em direção ao que quero ser como pessoa e profissional.
Minha rotina é, como qualquer rotina, repetitiva. Mas não sinto que seja tediosa. Não é um sacríficio cumprir com ela, muito pelo contrário. Ela me motiva, me faz sentir que tenho mais claridade sobre quem sou. Com minha rotina posso dizer que sou escritora, porque é certo que escrevo todos os dias, sem discussão. Também é ela que me permite trabalhar no que gosto e ganhar o pão nosso de cada dia. Minha rotina me ajuda a melhorar hábitos, descobrir vocações, explorar ideias, experimentar e, quando necessário, me reinventar.
Porque nem tudo é estático nesse dia a dia rotinário. Tive que fazer mudanças na minha vida para chegar à rotina que tenho hoje e me sinto orgulhosa por ter me movido, por ter decidido transformar meu entorno. Por ter me arriscado e deixado a típica estrutura de trabalho das 9h às 18h, por ter escutado minha voz anterior que me dizia “por que não tentar algo distinto?”. Mas também sou consciente de que em algum momento vou me cansar e terei que mudar de novo. Em algum momento a voz anterior vai ressurgir me pedindo para ajustar o cotidiano, jogar fora o que já não servir e abrir espaço pra novos sonhos.
Pode parecer contraditório, mas acredito que são as rotinas que construímos, as coisas que repetimos porque sabemos que vale pena insistir e persistir, que nos fazem mudar. Crescer. Seguindo essa ideia, acredito que mesmo o dia a dia mais ordenado e rígido deveria ser o suficiente maleável para se transformar quando for necessário para que nós continuemos nos transformando.
Uma rotina é uma lista, mas é muito mais que isso. É o que decidimos fazer, é quem decidimos ser. É como escolhemos ocupar nosso tempo finito aqui na Terra. Por isso é preciso listar com cuidado, colocar atenção às tarefas, pensar bem e se entregar de coração às atividades que consideramos valiosas. E também aceitar as mudanças, abraçá-las quando for necessário riscar algo da lista e colocar algo novo em seu lugar.
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