Vivendo um dia após o outro

Há várias semanas não escrevo

Regiane Folter
3 min readJan 19, 2024
Ao invés de escrever estava vendo essa vista ❤️

Ou será que já se passou mais de um mês?

Fim de ano complicado, início de ano preguiçoso, sabe como é.

Às vezes sinto que preciso tirar férias de escrever. Às vezes, sinto que tirar férias da minha vida toda é uma boa ideia.

E o que fiz nesse tempo, se não estava escrevendo?

Vivendo, mas de outra forma. Com outra rotina, ou sem nenhuma rotina em particular.

Viajei pra casa. Voltei pro Brasil, voltei pra SP. Pros braços da mamãe e de todas as pessoas da minha família barulhenta e apaixonada.

Sobrevivi às festas de fim de ano. Casas cheias, panças explodindo, música alta, vozes altas, calor, chuva, discussões, abraços. Dias e noites de muita intensidade.

Caminhei pela orla da praia, às vezes pela areia, pertinho do mar. Mergulhei nesse mar que me viu crescer e que sempre renova meu batismo quando passo por lá. Saí da água revigorada, como se meus pecados e receios fossem levados pro fundo do oceano.

Comi, comi muitíssimo. Não me privei, não me importei, tô nem aí pra balança ou pros comentários velados ou pra senhora que se sentou do meu lado, deu duas garfadas e disse que estava cheia. Enchi o prato, repeti, pedi sobremesa. Fim de ano é sobre excessos, é sobre se permitir. Combinei isso com meu mantra de que estar em casa é sobre comer todas as coisas que adoro e que nunca como no Uruguai. Comi feliz.

Me preocupei, me estressei, me entristeci. Nessa época do ano tendo a ser mais melancólica, a bateria social não dura tanto como deveria. Me resguardei quando pude, calei quando senti que era necessário.

Dormi cedo e acordei cedo. Passei mais tempo debaixo do sol, me queimei, senti as maçãs do rosto mais coradas e o corpo mais saudável.

Me cansei também. Me esgotei com algumas conversas e atitudes, com o trânsito, comigo mesma e essa mania de sentir com tanta intensidade. Férias não é sinônimo de deixar de sentir, pelo menos não pra mim, que sempre senti com tanta força, com tudo que sou.

Me surpreendi com mudanças na casa, na gente, nos lugares antes tão familiares e que agora me são um pouco estranhos. Me surpreendi comigo mesma, com minha força, com a capacidade que aprendi de continuar caminhando, mesmo com medo.

Me frustrei com o fim iminente, com a volta, com as diferenças que ainda carrego em relação a algumas pessoas que amo. Com a ideia de que algumas coisas talvez nunca mudem.

Me apaixonei de novo e de novo, por pessoas, por livros, por músicas, por vistas. Pelo calor que me rodeava na casa de praia, pela energia eletrizante que me preenchia na cidade grande.

Nem tudo foi sobre o que fiz. Também foi sobre o que deixei de fazer.

Não cozinhei. Não olhei o celular a cada 5 minutos. Não escutei meus podcasts e agora estou atrasadíssima com todos.

Não fiz resoluções. Tô cansada de metas. Que mal faz deixar pra definir os objetivos depois do Carnaval? Não é assim que funciona o povo brasileiro, não está no nosso sangue?

Nessas férias, só quis viver um dia após o outro. Sem a estrutura do resto dos dias do ano, sem tanta hora marcada, sem tanta responsabilidade anotada, sem agenda e sem deadlines.

Só quis viver.

O que você fez?

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe alguns aplausos 👏

Outras histórias e meus livros em: regianefolter.com 💛

--

--

Regiane Folter
Regiane Folter

Written by Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português e espanhol 🖋️ Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros

No responses yet