Lugares por onde passamos

Regiane Folter
3 min readSep 3, 2024

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Toda “viajera” ela

Os lugares por onde passamos nos marcam. Acredito mesmo nisso e digo mais: quanto mais tempo você passar em um lugar, mais significativo ele se tornará.

Tenho um tio todo místico que me disse algumas vezes que os lugares inusitados para onde já viajei são na realidade locais onde vivi em vidas passadas. Achei um luxo imaginar eu toda internacional vivendo aqui e acolá nas minhas existências anteriores, mas, que pena, não consigo lembrar de nada. Então hoje o que carrego são as lembranças dessa vida e das coisas que pude ver e sentir dentro dela.

Meu primeiro amor ficou lá atrás, em Caraguá, cidade em que cresci e onde me despedi da infância pra me tornar gente grande em cidades maiores. Continuei aprendendo o que era o amor em vários outros lugares e tive meu coração partido várias vezes também. Só muitos anos depois, já vivendo aqui em Montevidéu, aprendi finalmente sobre o amor mais importante de todos: o próprio.

Em Bauru fiz amigas que levaria comigo pra sempre e com as que aprenderia tanto sobre o que é ter família fora da família. Outras amizades que chegaram para ficar se concretizaram aqui no Uruguai. Como a gente tende a ser amigo de pessoas parecidas conosco, muitos dos meus afetos estão espalhados pelo mundo, viajando e realizando seus sonhos. Eu fico toda boba acompanhando o sucesso delas!

Nos lugares mais diferentes da minha realidade descobri muito sobre mim e sobre o mundo. Me conectei com pessoas e paisagens inimagináveis em lugares como Egito, Índia, Turquia. Me perdi em suas ruas, me confundi com seus idiomas, me senti mais livre do que jamais fui nas noites estreladas desses destinos. Beijei bocas, aprendi dialetos, provei sabores, tive medo de homens, encontrei segurança com mulheres, sempre mulheres guiando meu caminho. Entendi que não existe verdade universal, nem uma forma única de viver a vida. Me tornei mais diversa, mais aberta.

Também estive em lugares mainstream. Me senti nos filmes hollywoodianos que consumimos desde sempre em lugares como Nova York, Paris, Londres. São cidades incríveis, também diversas, cheias de cor e eletricidade. Estar nesses cartões-postais me fez sentir quase tão chique como esses lugares. Ainda mais acompanhada de pessoas tão queridas afinal, muito das viagens que fazemos depende daqueles que estão ao nosso lado.

Mas e quando viajamos sozinhas? Também já vivi essa experiência e poderia escrever um texto inteiro sobre isso! Por aqui só vou deixar vocês com gostinho de quero mais e dizer que quando somos nossa única companhia provavelmente essas sejam as experiências mais reveladoras.

Enfim, foram muitos os passos dados e muitas as descobertas feitas. A verdade é que viajar é cansativo e preciso confessar que às vezes tudo que quero é ficar de boinha em casa. Mas o tempo passa e a vontade de voltar a me maravilhar com novos destinos ressurge. Então sei que logo menos estarei atualizando o Google Flights e planejando novas aventuras.

Ou, como diria meu tio, novas memórias pra preencher essa vida de todas aquelas passadas das quais nunca pude me lembrar.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe alguns aplausos 👏

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Written by Regiane Folter

Escritora brasileira vivendo no Uruguai 🌎 Escrevendo em português e espanhol 🖋️ Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros

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