Projeto escrita

Escrever é uma constante na minha vida.

Regiane Folter
4 min readJun 6, 2020

Nem sei dizer ao certo quando descobri que escrever era o que mais amava fazer. Forço a memória, mas parece que é uma daquelas coisas que de tão nossas, parece que sempre existiram.

Claro, eu tive que aprender a escrever, então imagino que essa história de amor começou como um jogo enquanto aprendia palavras e brincava de juntá-las para ver o que acontecia. Logo se tornou um hobbie, algo que fazia quando não estava ocupada demais com os estudos, as amigas, os descobrimentos. Depois, a escrita virou refúgio. Me reencontrei com ela procurando uma maneira de fugir de sentimentos que me machucavam. Precisava de um salvo-conduto e lembrei das palavras. Elas cuidaram de mim.

Isso aconteceu há uns cinco anos e foi aí que (re)aprendi que não tinha nenhum sentido deixar de lado algo que era tão vital pra mim. Então comecei a escrever de maneira mais periódica, com mais afinco. Organizei meus horários para fazer caber a escrita, fiz experimentos.

Descobri que acordar cedo e já partir pro caderno faz meu dia começar muito melhor. Percebi que a gente repete muito essa balela de que um dia com só 24 horas não é suficiente quando tudo se resume a saber priorizar: o que é importante, fica. O que não é, tchau. Foi assim que reconheci a importância da escrita em minha vida e fiz ela virar parte da rotina. Hoje escrevo quando estou feliz, quando estou triste e mesmo quando estou sem vontade nenhuma. Mas tento, me forço, arregaço as mangas munida de cafeína e um bloco de notas e, antes que perceba, uma frase virou dez. Havia algo escondido dentro de mim que precisava ver a luz.

Ao abraçar esse cotidiano no qual as palavras viraram parte fundamental, o ato de escrever foi deixando de ser sonho para virar plano. Concretizei algo que sempre ficou dando voltas na minha cabeça e decidi pegar todas as ideias e “e se”s para transformá-los em metas. Claro, desde pequena eu sabia que minha vocação estava relacionada com contar histórias, com a fala, com expressar-me. Foi o que me conduziu a estudar jornalismo e a trabalhar com comunicação. Mas demorei muito tempo pra dizer em voz alto aquilo que sempre pensei, mas nunca considerei uma possibilidade real:

o que eu quero mesmo é ser escritora.

Você que gosta de escrever, já falou isso em voz alta? “Sou escritora”, “Sou escritor”. Já tentou? Como se sentiu?

Pois quando eu falo isso dá até um arrepio. Bom, isso e muitas outras coisas: orgulho, dúvida, alegria, vergonha, entusiasmo, medo… Sinto que é algo que me representa, sinto que me encontro. Mas a frase também vem acompanhada de um toque de Síndrome do Impostor, um certo receio do que os outros vão pensar, das sombrancelhas erguidas, das expressões de “coitada”. Por que será que sou escritora mesmo?

E o que uma pessoa tem que fazer para se considerar assim? É preciso ter um livro publicado? Muitos claps no Medium? Uma quantidade mínima de seguidores? Uma editora que te avale? Reconhecimento nacional? Ou internacional?

Quantas perguntas! Me mareio. Não sei a resposta. Só sei que me sinto mais feliz quando digo que escrevo e mais motivada a continuar escrevendo. Por isso, deixo as dúvidas de lado pra evitar uma crise de ansiedade e me concentro em coisas mais tangíveis. Baby steps. Publicar um texto por semana no Medium. Escrever determinada quantidade de horas por dia. Seguir aqueles escritores que admiro, acompanhar o que fazem. Mandar um email quinzenal praquela galera contando algum conto novo. Enfim. Coisas pequenas, mas que juntas vão dando estrutura a esse objetivo surreal. Vão tornando essa meta mais possível.

Com cada texto que escrevo, a frase ganha força. A cada dica nova que aprendo para escrever mais e melhor, a frase ganha sustento. Faço um curso aqui, outro ali. Leio incansavelmente. Experimento algo que vi outro autor fazer. Converso com escritores como eu. Como eu. De repente, já me incluí no grupo. O “sou escritora” sai mais natural, menos forçado. Me permito sorrir. Mas do que ter coisas para provar ao mundo que sim, sim, é isso que sou, tenho algo muito mais valioso; uma certeza interna, uma crença que me impulsa pra frente. E continuo criando ideias, traçando planos, escrevendo mais e mais e mais. Sem saber a receita do bolo, mas criando uma receita só minha.

Sou escritora. Sou feliz.

Mas chega de falar de mim! Com toda essa ladainha o que queria mesmo era conhecer mais como outros escritores se sentem, outras pessoas que encontram aqui no Medium um espaço para botar pra fora essa vontade. Considerem esse texto um convite pra intercambiar mais entre nós. O que vocês fazem? Como se sentem? Que histórias contam? Que histórias querem contar?

Bora conversar :)

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros