O que mudaria em mim?

De vez em quando me dá uma canseira de mim mesma…

Regiane Folter
3 min readDec 6, 2020
Photo by Ross Findon on Unsplash

Me canso dessa mania de cumprir, de querer colocar um “check” em tudo, de riscar coisas de uma lista, de terminar o dia e dizer “fiz tudo que estava na agenda!!”.

Só pra depois tentar lembrar — para que era tudo isso mesmo?

Me canso de fazer por fazer, por dizer que fiz. Me canso dessa competição comigo mesma pra me superar em quantidade de metas alcançadas. Muitas vezes chego no pódio tão cansada, tão insegura, que nem sei como aproveitar o momento.

Me canso desse maremoto de emoções, de passar da mais plena alegria a uma irritação sensível que me faz querer gritar e chorar ao mesmo tempo. Me canso de levar as coisas com tanta seriedade, de deixar que tudo me afete tão profundamente.

Me canso de estar cansada, de um corpo que nem sempre aguenta as maratonas de trabalho e exercício que lhe quero impor. Me sinto fraca, frágil, incapaz. E me canso de me ver nesse espelho negativo que só existe em minha cabeça.

Se eu pudesse mudar algo em mim, não sei se trocaria de vida ou de corpo, mas definitivamente faria algumas alterações na minha personalidade! Adoraria ser mais descomplicada, mais simples, mais zen. Levar as coisas com serenidade, sem me afetar demasiado por nada. Manter a calma mesmo nos momentos de dificuldade. Enfim.

Gosto desse sentir constante que sou, mas seria bom saber me blindar contra os sentimentos negativos e amplificar os positivos. Lembrar do meu propósito e me dedicar a isso. E, claro, também fazer coisas porque sim. Nem tudo precisa de uma explicação, nem tudo precisa estar na to do list pra valer a pena. Já sei que para isso seria importante escutar mais o que meu corpo tem pra me dizer. Entender quando e como fazer algo, saber me respeitar. Compreender minhas necessidades e aceitar que essas mudam de acordo com o dia, o clima, o pé com que me levantei da cama.

Gostaria de me sentir mais segura, ter mais confiança em mim mesma, o que também significa aceitar com mais tranquilidade os meus erros, as minhas falhas. Abraçar aquilo que ainda não consigo fazer, rir dos meus deslizes, reconhecer que não sou perfeita e que tá tudo certo… Engraçado, isso também deveria se aplicar a todas essas coisas que enumerei até aqui, não é? Plot twist!

Comecei escrevendo um desabafo e terminei me dando um auto-tapa de realidade. Em resumo, o que aprendi desse texto é que pra ser quem quero ser preciso tentar menos. Me preocupar menos. Praticar mais o let it go. Deixar as coisas irem, deixar tudo fluir, meus dilemas inclusive. E daí se às vezes sou uma control freak? E daí se gosto das minhas listas e de uma rotina definida? E daí se às vezes deixo de gostar?

Tá tudo bem.

Todo mundo muda o tempo todo. Então bora ser paciente e me querer mais. Porque por mais que enumere razões pelas que queria ser diferente, com certeza posso listar muitas outras coisas que não mudaria por nada nesse mundo. Especialmente aquelas características que me levam a fazer coisas que amo, mas que também me dão nos nervos de vez em quando.

Porque ser organizada é o que me leva a fazer listas infinitas, mas também é o que me ajuda a progredir com meus projetos. E essa mania de sentir tanto me faz chorar quando não queria, mas também me dá a sensibilidade que me permite escrever. Duvidar de mim mesma às vezes é um pé no saco, mas também me permite me questionar em reflexões como essa aqui, pra tentar mudar, mutar, melhorar.

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Regiane Folter

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros